Vinho orgânico, biológico, vegano e natural: veja a diferença
Grandes produtores aderem cada vez mais práticas sustentáveis na elaboração de seus vinhos
Grandes produtores aderem cada vez mais práticas sustentáveis na elaboração de seus vinhos
Elaborar vinhos em sintonia com a preservação do meio ambiente é uma escolha feita por um número expressivo e cada vez maior de produtores de vinho em diferentes países. Um vinho certificado com selo sustentável, biodinâmico ou orgânico oferece ao consumidor a garantia de que o vinho que ele está tomando foi produzido segundo as boas práticas de cultivo orgânico, biodinâmico ou sustentável.
Essa garantia de origem torna-se extremamente relevante num mercado tão diverso e numeroso quanto o dos vinhos ou quando o consumidor não conhece a reputação do produtor. Vale lembrar que ser orgânico ou biodinâmico não é garantia de qualidade ou de que o vinho é necessariamente mais saudável.
Leia também: Pol Roger e seus vinhos de sucesso mundial
As uvas utilizadas na elaboração do vinho orgânicos são cultivadas de forma orgânica, ou seja, o manejo dos vinhedos se baseia em produtos naturais e no equilíbrio biológico. Não é permitida a utilização de produtos sintéticos, adubos ou pesticidas químicos. Pela regulamentação, a sulfitagem não deve exceder 150mg/l nos vinhos tintos.
Herdade de Coelheiros adotou o cultivo orgânico em grande parte de seus vinhedos (Foto: Divulgação)
Los Vascos Chagual Cabernet Sauvignon Orgânico 2021 (Los Vascos - Barons de Rothschild - Lafite)
Tinto, Cabernet Sauvignon (100%), Chile
O Château Lafite-Rothschild, conhecido por sua excelência, foi pioneiro ao investir no Chile e criou a bodega Los Vascos. Seus vinhos, como o Chagual, um Cabernet Sauvignon orgânico, combinam a sofisticação dos vinhos dos Barons de Rothschild (Lafite) com a fruta que é típica dos melhores chilenos. O Chagual se destaca pela qualidade, sustentabilidade e equilíbrio entre frutas e acidez, sendo um tinto gastronômico excepcional. Acompanhado por comida, ele desaparece com a rapidez que poucos tintos sul-americanos conseguem igualar.
R$ 231.47
Los Vascos Chagual Sauvignon Blanc Orgânico 2022 (Los Vascos - Barons de Rothschild - Lafite)
Branco, sauvignon blanc, Chile
Chagual é o sofisticado Sauvignon Blanc com certificação orgânica de Los Vascos, a vinícola chilena dos Barons Rothschild (Lafite). Elaborado com uvas cultivadas na fria região de San Antonio, próxima ao Oceano Pacífico, o Chagual é um vinho incrivelmente fresco e preciso, combinando notas cítricas com um frescor que remete aos Sauvignon Blanc franceses. Um vinho convidativo e muito saboroso, com grande apelo gastronômico.
R$ 231.47
O vinho sustentável é elaborado levando em consideração o bem-estar do meio ambiente. Os critérios para a aquisição do selo sustentável incluem medidas como a utilização de energias naturais, produtos reciclados, a redução do consumo de água, separação de lixo, entre outras regras.
Outro nome para orgânico, a certificação do vinho biológico é bastante comum, principalmente em países como a Itália e Portugal. Além disso, essa classificação conversa diretamente com práticas de sustentabilidade.
A agricultura biodinâmica nasceu em 1924 e tem sua origem na antroposofia, filosofia criada pelo austríaco Rudolf Steiner sobre a análise do todo. Uma abordagem que enxerga a videira em harmonia e integrada com seu habitat e ecossistema. Na prática, o meio ambiente interfere diretamente na saúde da planta, como a influência exercida pelas fases da lua para identificar o momento da poda das videiras, da colheita das uvas, entre outros.
O conceito biodinâmico é muito mais amplo. Engloba, além da não utilização de produtos químicos, o emprego de insumos e preparados biodinâmicos (esterco, ervas, etc.) para o controle de pragas e fertilização. Baseia-se, enfim, no equilíbrio da planta com seu habitat. A sulfitagem máxima permitida nos vinhos biodinâmicos é de 70mh/l, para os tintos, e 90mg/l para brancos e rosés, 210mg/l para os vinhos doces).
Domaine Marcel Deiss é um grande defensor da agricultura biodinâmica (Foto: Divulgação)
Siesta en el Tahuantinsuyu Malbec 2017 (Tikal - Ernesto Catena)
Tinto, Malbec (90%) e Cabernet Sauvignon (10%), Argentina
Ernesto Catena elabora este excelente Malbec, entre os mais opulentos e elegantes que a Argentina pode produzir. Moderno e cheio de fruta, mostra grande personalidade e persistência.
R$ 369.47
Não existe uma regulamentação para os vinhos naturais. Por esse motivo, há um certo consenso entre os produtores sobre as práticas permitidas. A base é: não se adiciona nem se retira nada. O vinho natural é basicamente um vinho orgânico ou biodinâmico vinificado de maneira natural, ou seja, sem intervenção, com leveduras selvagens ou naturais e com frequência sem a adição de sulfitos. Porém, vale lembrar que todo vinho tem sulfito.
O sulfito natural, pode estar presente no solo, além de ser um dos resultados químicos do processo de vinificação. O máximo permitido é 40mg/l.
La Marchigiana Criolla 2022 (La Marchigiana)
Tinto, Criolla Grande (100%), Argentina
A uva Criolla era a escolhida por Nicola Catena para produzir os vinhos que a família Catena consumia durante suas refeições desde que chegou à Argentina. A casta Criolla Grande é o resultado do cruzamento natural entre a Criolla Chica, que no Chile é conhecida como Pais, com a Moscatel de Alexandria. Até meados dos anos 2000, era a uva mais plantada no país. Elaborado de maneira “ancestral” – a mesma para produção de vinhos no final do séc. XIX, tem o estilo “clarete”, com uma cor mais clara, que lembra os rosados mais profundos. Fresco e cheio de personalidade, é uma deliciosa introdução aos vinhos de baixa intervenção, elaborados de maneira natural.
R$ 294.2
Via de regra, todo vinho é vegano. Paro os adeptos do veganismo, porém, não é bem assim. Umas das etapas do processo de elaboração do vinho é a clarificação, em que são removidas impurezas do vinho, como proteínas, leveduras mortas, aromas desagradáveis, e deixar sua cor mais límpida e menos turva.
O processo de clarificação é feito tradicionalmente com proteína animal, sendo a mais comum a clara de ovo (albumina), usada há séculos em todo o mundo. Outros produtos usados eventualmente para clarificar o vinho são a caseína (proteína do leite), a gelatina (de origem bovina ou suína), a cola de peixe, o óleo de peixe e a quitina (produto da casca/concha de crustáceos). A presença desses produtos no vinho é ínfima, com apenas traços deles. Mas para os veganos o conceito é importante, já que muitos seguem esse estilo de vida, que exclui o consumo de qualquer alimento ou produto de origem animal.
No entanto, a maioria dos vinhos hoje em dia é clarificado com bentonite ou produtos de carbono, argila, calcário, sílica e caseína vegetal. Os vinhos biodinâmicos não são veganos. Na produção são utilizados restos de animais, como a tradicional prática do esterco dentro do chifre bovino.
A agricultura convencional engloba uma gama imensa de produtores. Desde produtores de alta qualidade, que preferem poder usar quantidades mínimas de defensivos e somente se houver necessidade, até produtores comerciais, que manipulam os vinhos e usam todo tipo de produto enológico disponível! O importante é conhecer o produtor.
Um produtor com reputação, com um nome a zelar vai fazer todo o possível para preservar ao máximo seus vinhedos para poder perpetuar sua produção por gerações e para produzir um vinho íntegro, saudável e original ao seu consumidor. É bom lembrar também que cuidar de um vinhedo (ou qualquer plantação) de maneira extensiva é mais barato que cuidar manualmente de cada vinha.
Você provavelmente já bebeu um vinho raisonnée. Bons produtores partem do princípio que para elaborar um bom vinho devem ser o mais natural possível, ou, em outras palavras, com o mínimo de manipulação, pois uma uva natural e sã é mais saborosa e produzirá um vinho melhor. No entanto, apesar de seguirem práticas de manejo similares à do vinho orgânico ou biodinâmico, por exemplo, os produtores de vinho raisonnée preferem não se comprometer com as condições atreladas a uma certificação, pois querem ter a liberdade para medicar a vinha em caso de uma emergência.
É como quando temos um filho e cuidamos da sua alimentação, e fazemos tudo para que ele não fique doente. No entanto, se ficar, utilizaremos antibióticos, pois pensamos na saúde dele. Com a videira é a mesma coisa!
Resumindo, nesse tipo de cultivo, os produtores não usam defensivos ou outros produtos químicos a não ser que seja muito necessário, em nome da qualidade do vinho e da saúde das videiras.
Compartilhe
Bem-vindo(a)!
Sim Não
Ao acessar este site, você concorda com nossos Termos de uso. Beba com moderação.
Não compartilhe com menores de 18 anos.